Morre Joaquim Roriz, ex-vice de Henrique Santillo e governador do DF por 14 anos
Saúde do político vinha piorando desde 2017 por causa do diabetes e insuficiência renal
Morreu nesta quinta-feira (27), aos 82 anos, em Brasília, o ex-governador do Distrito Federal (DF) Joaquim Roriz. Ele estava internado no Hospital Brasília. A informação foi confirmada pela assessoria de sua filha, Liliane Roriz.
Roriz havia dado entrada no hospital no último dia 24 devido a uma pneumonia. Hoje, por volta das 7h50, ele faleceu em consequência de um infarto do miocárdio. A saúde de Roriz, que governou o DF por quatro vezes, vinha piorando desde 2017.
Legado
Joaquim Domingos Roriz teve o nome reconhecido nacionalmente ao governar o Distrito Federal por 14 anos. Ele sofria de doença renal crônica e diabetes. O quadro de saúde se agravou nos últimos anos. Em agosto de 2017, Roriz precisou amputar dois dedos do pé esquerdo, depois da complicação do diabetes. Alguns dias depois, precisou voltar ao hospital para amputar a perna direita na altura do joelho.
Roriz ficou conhecido por adotar medidas polêmicas, como a ampla distribuição de lotes e projetos de moradias populares que marcaram suas gestões. Nos discursos, havia expressões típicas do interior do país e um estilo popular, que o aproximava do eleitorado mais humilde do DF. As campanhas políticas e eventos públicos eram transformados em comícios, com direito a corpo a corpo constante e um tom religioso.
O ex-governador saiu da vida política em 2010, quando teve a candidatura questionada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou a impugnação, com base na lei Ficha Limpa. Em 2006, ele se candidatou ao Senado e assumiu, em fevereiro de 2007. Cinco meses depois, renunciou ao mandato de senador em meio a denúncias de envolvimento em corrupção no governo do Distrito Federal. O caso ficou conhecido como o escândalo da Bezerra de Ouro. Foi o mandato de senador mais rápido da história.
A possível candidatura chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Temendo veredito desfavorável do STF, ele desistiu de concorrer ao cargo de governador. Na época, a poucos dias das eleições, lançou em seu lugar a esposa, Weslian Roriz, que nunca exerceu cargo político. Ela chegou ao segundo turno, mas perdeu a eleição para o candidato do PT, Agnelo Queiroz.
Política
Roriz começou a carreira política em 1962, como vereador em Luziânia (GO), onde nasceu. Em 1978, candidatou-se a deputado estadual por Goiás e venceu, sendo o candidato mais votado pelo PMDB, hoje MDB, no estado.
Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) em Luziânia, em 1980. Já no PMDB, foi eleito deputado federal em 1982. Em 1986 venceu a eleição para vice-governador de Goiás, na chapa do governador Henrique Santillo, já falecido.
Roriz chegou ao governo do DF em 1988, indicado pelo então presidente José Sarney (MDB-AP). O Distrito Federal ainda não elegia seu governador por voto direto. Após quase 18 meses de mandato biônico, foi acusado pelos adversários de ter distribuído lotes para os eleitores, de olho nas eleições diretas que iriam ocorrer em outubro de 1990.
Entre 15 e 29 de março de 1990, Roriz foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária no governo Collor, renunciando ao cargo para disputar o governo do DF. Venceu, sendo o primeiro mandatário eleito ao Palácio do Buriti e se manteve no cargo até 1994. Passou apenas um mandato fora. Em 1998, concorreu novamente e voltou a governar o Distrito Federal. Foi reeleito em 2002.
Roriz inaugurou a primeira linha de metrô da capital federal e foi o responsável pela construção da Ponte JK, um dos cartões postais do DF. Durante o quarto mandato como governador, deixou o Buriti para se candidatar ao Senado. Foi eleito, mas renunciou cinco meses depois de assumir o cargo, em julho de 2007, para evitar um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa.
O ex-governador nasceu em 4 de agosto de 1936, filho de Lucena Roriz e de Jerzuleta de Aguiar Roriz. Ele deixa viúva Weslian Roriz, com quem teve três filhas: Wesliane, Liliane e Jaqueline. As filhas também são conhecidas no cenário político brasiliense.
Denúncias
Juntamente com as vitórias eleitorais pesam sobre Roriz e seu governo muitas acusações. Em fevereiro deste ano, por decisão judicial, Roriz deixou de responder ao processo que trata de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do edifício Monet, localizado em Águas Claras. Ele e suas três filhas, Jaqueline, Wesliane e Liliane, são acusados de terem sido beneficiadas com 12 apartamentos em troca de favores.
Os imóveis teriam sido uma espécie de pagamento pela facilitação do empréstimo do Banco de Brasília (BRB) à construtora WRJ Engenharia, empreiteira que ergueu o prédio. O empréstimo ocorreu em 2006, quando Roriz ainda era governador.