Desempregado e sem internet em casa, pai pedala 60 km para buscar atividades para os filhos
"É arriscado, mas é o jeito. Eu mal tenho condições de colocar um prato cheio na mesa, quem dirá um computador. Meu amor por eles me move", desabafou
Uma vaquinha online gerou comoção em mais de 600 pessoas, que juntas já conseguiram deixar a vida de Edemilson Wielgosz menos sofrida.
As doações ultrapassaram 110% do planejado, arrecadando quase R$ 40 mil até a última quarta-feira (07), para a surpresa do roçador.
Ele, que tem 47 anos, e três filhos para cuidar, começou a enfrentar um período terrível durante a pandemia do novo coronavírus, após a pousada que o empregou durante 18 anos, fechar as portas.
Sem salário no começo do mês, o pai pôde contar apenas com ajuda da família e algumas doações.
No entanto, apesar de todos os problemas financeiros, a prioridade de Edemilson sempre foi os filhos e a educação deles. Por conta do isolamento e as aulas estarem suspensas, o pai teve de arrumar um jeitinho de conseguir trazer os materiais e as atividades em segurança até à residência.
Por não terem internet em casa, o heroí, como é chamado pelos filhos, percorre cerca de 60 quilômetros de bicicleta, todas as terça-feiras, saindo de Guaratuba (PR) até Garuva (SC), (em média 30 km) e depois retorna para casa.
“É arriscado, mas é o jeito. Eu mal tenho condições de colocar um prato cheio na mesa, quem dirá um computador e internet. Não é feio passar aperto, feio é não tentar mudar e fazer o melhor que pode. Meu amor por eles me move”, desabafou Edemilson ao G1.
É uma viagem longa, mas o pai não se desanima. “Estou lutando para dar dignidade a eles. Falta muita coisa e o que temos é simples, mas nunca faltou carinho e empenho. Já passamos por muitas dificuldades, ainda dói, mas desistir não é uma opção. Nunca foi”, disse.
Mais dificuldades
Além de todos os problemas enfrentados pela família neste ano, eles ainda moram às margens de uma rodovia, e o sinal de rede é muito fraco. Quando é necessário pesquisar algo na internet, Wellinton, de 16 anos, Amabili, de 14, e Nicole, de 12 precisam se arriscar para conseguir algo.
Eles contam que sobem até a estrada, pesquisam bem rápido, capturam a tela e retornam à residência para darem continuidade aos exercícios, sem pestanejar.
A vaquinha
O pai, com muita humildade, alega que a parceira – bicicleta -, ainda está muito boa, e que por não ter carteira de motorista, pretende continuar com ela por um tempo.
“Eu estou muito faceiro, vai me ajudar bastante. Na verdade, tenho certeza que vai melhorar a nossa vida. Eu agradeço muito por toda essa força, de coração”, afirmou Edemilson Wielgosz.
“Com certeza, Deus vai abençoar a todos que ajudaram, não só com dinheiro, mas com comida, roupas. Primeiro penso nas nossas despesas de dentro de casa, temos que ter comida, pagar as contas, depois quem sabe consigo colocar uma internet aqui”, completou agradecido.