“Só sei cantar. E agora cantar é crime?”, indaga Belo após prisão

Folhapress Folhapress -

Belo, 46, falou nesta segunda-feira (23) sobre a polêmica na qual se viu envolvido ao ser preso após se apresentar em uma escola pública no Rio de Janeiro. “Isso é um pesadelo, parecia que eu estava vivendo uma coisa que não conseguia acordar”, disse o cantor, em referência ao encarceramento, ressaltando não entender o que fez de errado para que a situação chegasse a este ponto.

“Eu me senti muito envergonhado, constrangido, porque eu não sei o que fiz, porque fui cantar em algum lugar. Isso foi horrível, passou um filme na minha cabeça de outros tempos, outra história”, disse, aos prantos, ao colunista Leo Dias, do portal Metrópoles, mostrando-se inconformado com o que pode ter motivado a prisão dele e afirmando que passa por problemas financeiros.

“Graças a Deus tenho uma esposa que trabalha bastante, vive de rede social, ajuda muito na minha renda familiar, então deu para dar uma segurada, mas estamos no limite, estou com vários problemas financeiros. A gente sai porque precisa, eu só sei fazer isso, só sei cantar. E agora cantar é crime? Qual foi o crime que eu cometi?”, questionou Belo, que continuou elogiando a mulher dele, Gracyanne Barbosa, 37.

“Tenho uma esposa fiel, que me coloca sempre para cima, uma fortaleza para mim, em todos os sentidos, que tem me modificado todos os dias”. O pagodeiro argumentou que não tinha como saber que o show tinha sido feito de maneira irregular, pois não cuida da logística da contratação, apenas vai ao local combinado, via contrato, e se apresenta, de acordo com o que foi acordado entre as partes.

O cantor disse, ainda, que não quer nem pensar que a polícia possa ter sido preconceituosa em sua prisão e salientou que, embora esteja passando por um momento complicado, não pretende abandonar a carreira artística. “Não posso parar porque tem muita gente que depende de mim, mas é difícil”. Belo tinha a gravação de um DVD programada para março, mas diz que não sabe se conseguirá fazer o trabalho por ainda estar desnorteado pelos acontecimentos dos últimos dias.

“Não sei mais [se gravarei o DVD], porque eu vendo amor, o que eu quero passar nas minhas músicas é verdade, de coração. Meu psicológico está abalado, tomei um baque muito grande”, disse, chorando copiosamente. “Não quero ser uma coisa ruim, a música não é isso, eu não sou isso. Só não quero ser vítima de injustiça. Não cometi crime algum, só fui lá cantar”, explicou o músico.

Emocionado, Belo deixou a entrevista, dizendo que não deixará seus fãs e agradecendo a todos aqueles que o apoiaram. “Eu venho de comunidade, da periferia de São Paulo, como vou abandonar quem sempre me abraçou? Qual é o problema em fazer show?”, disse o cantor. “Agradeço a todo o público e a galera da música que está comigo. Com certeza vou dar a volta por cima, vou voltar muito mais forte”, concluiu.

Belo foi preso dia 17 de fevereiro pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, durante a Operação É o que eu Mereço, que recebeu esse nome em alusão a uma canção do pagodeiro. Ele é investigado pela realização de um show em uma escola pública estadual no Complexo da Maré, zona norte do Rio, durante a pandemia.

A apresentação começou na noite de sexta (12) e se estendeu até a manhã de sábado (13), dentro do Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) Professor César Pernetta, e não teve autorização da Secretaria de Estado de Educação. Os responsáveis podem ser acusados de promover aglomeração e pela invasão.

Procurada, a Secretaria de Estado da Educação confirmou que não foi autorizado nenhum evento na unidade educacional no último final de semana e ressaltou que “desde o início da pandemia e a suspensão das aulas presenciais, a Seeduc não autorizou nenhum evento de qualquer natureza dentro de suas unidades escolares”.

Essa não é a primeira vez que Belo tem problemas com a polícia. O cantor já foi preso em 2002 após ser flagrado em escutas telefônicas conversando com Waldir Ferreira, o Vado, apontado pela polícia como gerente do tráfico na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. Ele foi condenado a oito anos de prisão por associação ao tráfico.

Após passar um mês na prisão, ainda em 2002, ele foi preso em efetivamente em 2004, após recorrer em liberdade e depois de passar um período foragido. Ele cumpriu a pena em regime fechado de novembro de 2004 a março de 2006, quando teve concedida a prisão semiaberta.

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