De gari a um dos mais novos advogados de Goiás: conheça a história de Lucivaldo Soares Maia
De família humilde originária da Bahia e portador de visão monocular, ele conta que tinha muito medo de desistir na metade do caminho e imprimir a grana curta em algo inócuo
“Eu pensei em desistir várias vezes”. Esse tipo de frase pode encaixar em diversas situações de milhares de pessoas. Mas, Lucivaldo Soares Maia, de 37 anos, tinha o direito de tê-la rondando a cabeça de tempos em tempos.
Um dos mais novos advogados inscrito junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção Goiás teve uma vida dura.
Ainda aos quatro anos de idade, perdeu totalmente a visão do olho esquerdo quando foi atingido com uma pedra no orfanato onde passava o dia com a irmã.
Foram sete cirurgias para que não perdesse o órgão. Na vida de poucos recursos, a mãe era lavadeira e o pai ajudante de servente. Entretanto, o pai também fazia bico como vigia na casa de um advogado.
“Quando ele viajava meu pai cuidava da casa e nós íamos pra lá. A casa era bonita, tinha televisão, computador e até carro, um fusca azul”, diz Lucivaldo.
Foi aí que começou a despertar o sonho que carregou por boa parte da vida.
Trabalhando como gari na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Lucivaldo começou a vislumbrar uma forma de pegar o diploma. Sem grana, tentou bolsa via Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em vão.
“Fui fazer um curso de Gestão de Segurança Pública e tinha, entre algumas disciplinas, direito. Logo percebi que era isso mesmo que eu queria”, lembra.
Ele conta que tinha muito medo de desistir na metade do caminho e imprimir a grana curta em algo inócuo. Mas tentou assim mesmo.
Ingressou na faculdade de Direito em 2016 – finalizando em 2020. Com as notas, sempre com média acima de 8,5, tudo foi possível graças a uma bolsa via Organização das Voluntárias de Goiás (OVG).
Era estudo de dia e labuta à noite. Nesse meio tempo, ainda houve mudanças no horário de trabalho.
“Nesse momento, se não fosse minha esposa, eu teria largado. Ela insistiu muito”, relembra.
Hoje, a carteira da ordem em sua mão há menos de uma semana, olha pra frente e sabe que um futuro melhor está reservado para ele, a esposa, Jennifer Oliveira e a filha, Sara Oliveira Maia – de 03 anos.