Servidores do ‘tribunal’ da Receita entregam renúncia coletiva
Ação realizada pelos profissionais, simboliza um protesto contra corte de verbas no orçamento de 2022
Servidores da Receita Federal que atuam como conselheiros fazendários e especialistas no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) decidiram apresentar uma renúncia coletiva nesta quinta-feira (23).
O Carf é um órgão colegiado, formado por representantes do governo e da sociedade, que julga em segunda instância processos relacionados a questões tributárias e aduaneiras.
Segundo o Sindifisco Nacional (Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal), a renúncia coletiva deve paralisar o julgamento de recursos no Carf. A entidade afirma que 44 integrantes do órgão aderiram ao movimento, mas diz que “o número deve subir” durante o dia.
Nesta quinta, o sindicato está realizando uma série de assembleias com trabalhadores da Receita para definir se haverá ou não greve da categoria.
Documento divulgado pelo Sindifisco afirma que a renúncia coletiva é uma forma de “engrossar” o movimento iniciado por auditores e analistas. Na quarta (22), mais de 500 chefes de unidades da Receita Federal entregaram seus cargos.
Os servidores protestam contra um corte de verbas no Orçamento de 2022 para a Receita Federal. Também reclamam da falta de regulamentação de um bônus.
Kleber Cabral, presidente do Sindifisco, afirmou em entrevista ao UOL que há risco de greve na Receita. Segundo ele, os cortes no orçamento do órgão “foram feitos para propiciar reajustes para as carreiras policiais”.
Na última terça (21), o Congresso aprovou o relatório final do Orçamento de 2022, incluindo a previsão de R$ 1,7 bilhão para reajustes a policiais federais. O reajuste à categoria era uma demanda do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão provocou insatisfação nas outras categorias de servidores públicos, que não foram contempladas. Cerca de um milhão de servidores não têm reajuste há cinco anos.