Boris Johnson, sua esposa e secretário de Finanças são multados por festas no lockdown
Valor provável pode variar entre £20 (cerca de R$ 120) e £50 (R$ 302)
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O premiê britânico, Boris Johnson, sua esposa, Carrie, e seu secretário de Finanças, Rishi Sunak, foram multados devido à realização de festas no período de lockdown, informou Downing Street nesta terça-feira (12).
“O primeiro-ministro e o secretário de Finanças receberam a notificação de que a Polícia Metropolitana tem a intenção de multá-los”, disse uma porta-voz do gabinete. Pouco depois, a representante de Carrie Johnson também foi notificada sobre a punição a que será submetida.
No mês passado, a polícia de Londres já havia aplicado 50 punições relacionadas às festas realizadas no gabinete e na residência de Boris. Na ocasião, a equipe do premiê disse que ele não estava entre os multados.
A porta-voz não deu detalhes sobre as acusações que pesam contra Boris e Sunak. Segundo o jornal britânico The Guardian, o valor provável das multas aplicadas pode variar entre £20 (cerca de R$ 120) e £50 (R$ 302).
Horas depois da confirmação da punição, Boris disse que acatava a decisão da polícia. “Paguei a multa e peço desculpas”, disse ele, destacando que “compreende a raiva” dos britânicos. “Com toda a franqueza, àquela altura não me ocorreu que pudesse ter violado as regras. Aceito com toda a sinceridade que as pessoas têm o direito de esperar algo melhor.”
Questionado sobre se planejava renunciar, porém, declarou: “Quero seguir em frente e cumprir o mandato de lidar com os problemas que o país enfrenta”.
A rede britânica Sky News informou que Sunak também pagou sua multa.
A Scotland Yard investiga ao menos 12 festas realizadas em Downing Street, endereço do gabinete oficial do governo, depois de um inquérito interno descobrir que a equipe do premiê fez reuniões, inclusive com bebidas alcoólicas, em períodos nos quais restrições por causa da pandemia proibiam a realização desse tipo de evento -o líder britânico participou de alguns desses encontros.
Os primeiros casos foram revelados pela imprensa britânica no final de 2021.
O escândalo chegou a ameaçar a manutenção de Boris no cargo no início deste ano, quando membros de seu próprio partido pediram que ele renunciasse e a confiança pública em sua liderança despencou -a Guerra da Ucrânia depois acabou monopolizando as atenções e, em parte, aliviou a pressão sobre esse caso.
Na época das primeiras revelações, o premiê disse que todas as regras foram seguidas. Depois, pediu desculpas ao Parlamento por participar de um dos encontros, afirmando que acreditava se tratar de um evento de trabalho. Com o agravamento da crise, ele também se desculpou com a rainha Elizabeth 2ª, devido a uma das festas de sua equipe, realizada na véspera do funeral do marido dela, o príncipe Philip.
O líder da oposição britânica, o trabalhista Keir Starmer, pediu a demissão do premiê e do secretário pouco depois do anúncio das notificações. “Boris Johnson e Rishi Sunak infringiram a lei e mentiram repetidamente para os cidadãos britânicos. Ambos devem renunciar. Os conservadores são totalmente incapazes de governar”, escreveu Starmer em uma rede social.
Alguns dos membros do partido de Boris já haviam advertido previamente que não aceitariam que o premiê permanecesse no cargo se ele fosse considerado culpado por violar a lei.
O anúncio das multas também traz de volta ao debate a possibilidade de os conservadores apresentarem uma moção de desconfiança. O mecanismo previsto no sistema parlamentar seria o primeiro passo para tirar Boris do cargo.
Para isso, seria necessário que ao menos 54 dos 360 parlamentares da legenda enviem o pedido a um órgão do partido chamado Comitê de 1922. No documento, eles devem expressar dúvidas de que Boris pode se manter como premiê.
O número dos que já enviaram essa carta é conhecido apenas pelo presidente do comitê, mas, segundo o Guardian, essa cifra já girou em torno de 30. Parte dos conservadores, no entanto, teriam retirado o pedido com base no entendimento de que, em um cenário de guerra na Europa, não seria a hora de trocar a liderança do país.
No final de janeiro, o relatório da investigação interna que apurou os eventos irregulares realizados em Downing Street concluiu, sem mencionar Boris diretamente, que houve “falhas de liderança e de julgamento” por diferentes membros do governo.
O documento também descreveu o comportamento acerca das reuniões como “difíceis de justificar”, criticou os erros dos que estão “no coração do governo” e recomendou políticas de proibição de consumo de bebidas alcoólicas em locais de serviço público, além da criação de canais de denúncia para servidores que testemunharem irregularidades.