Alta do PIB nem sempre significa mais emprego, diz Lula
Ex-presidente afirmou também que os governos petistas tinham como diretriz a correção do salário mínimo levando em conta o crescimento da economia
(FOLHAPRESS) – O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nem sempre se converte em geração de emprego e salários, afirmou nesta quinta-feira (2) o pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), horas após o IBGE divulgar que a economia brasileira teve expansão de 1% no primeiro trimestre.
“Quando o PIB cresce, você não recebe aumento de salário porque o PIB cresceu. Nem sempre o PIB crescer significa que gerou mais emprego. Nós temos certeza que gerou um acúmulo de riqueza em quem é empresário nesse país. Agora, quando o PIB não cresce, você pode ter certeza que o trabalhador perde. Vem para as costas do trabalhador”, disse Lula durante passagem por Porto Alegre (RS).
O ex-presidente afirmou também que os governos petistas tinham como diretriz a correção do salário mínimo levando em conta o crescimento da economia.
“No nosso governo, a gente aumentava o salário de acordo com o crescimento do PIB. Não sei se vocês estão lembrados, mas era [a correção da] inflação do ano, mais [o crescimento do] PIB de dois anos atrás”, declarou.
Até 2019, a regra para o salário mínimo previa a correção pela inflação do ano anterior mais o aumento real do PIB de dois anos antes (caso este último fosse positivo) -o que, na maior parte do período, proporcionou reajustes reais aos trabalhadores. A regra foi instituída em 2011, no governo de Dilma Rousseff (PT).
A partir de 2020, já durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), só houve aumento do salário mínimo pelo INPC. Isso significa que, desde então, o salário mínimo não teve nenhum ganho real.
A fala de Lula ocorreu durante encontro com representantes de cooperativas na capital gaúcha. No evento, o ex-presidente declarou que o cooperativismo precisa encontrar a nova economia baseada em aplicativos. Como exemplo, elogiou a tentativa da prefeitura de Araraquara (SP) de criar um aplicativo de transportes com 90% do valor arrecadado para os próprios motoristas.
A alta do PIB noticiada nesta quinta-feira foi puxada pela volta dos serviços, o principal setor pela ótica da oferta no indicador. O segmento, que havia sido abalado pelas medidas restritivas para conter a Covid-19, também subiu 1% em relação ao final de 2021.
Apesar de positivo, o desempenho ficou abaixo dos 1,2% projetados pela agência Bloomberg para o período.