Desestímulo e prejuízo no aprendizado fazem estudantes anapolinos abrirem mão do Enem
Número de inscrições no exame é o segundo menor da história
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2022 terá o segundo número mais baixo de participantes na história. Em Anápolis, muitos dos estudantes que poderiam fazer a prova também não o farão.
Por motivos diversos, alunos de ensino médio optaram por não se inscrever na principal porta de entrada para a universidade. Cada um tem um motivo diferente.
Falta de acesso à internet, dificuldades de adaptação, barulho, falta de um meio para se conectar, instabilidade da rede. Diversos são os casos de alunos que enfrentaram problemas com a rotina de estudos durante o período de aulas remotas.
Com tantas adversidades, manter a rotina de aprendizado torna-se desafiador e desestimula muitos dos jovens ouvidos pelo Portal 6. A sensação de despreparo também é recorrente.
Richard Monteiro, de 17 anos, contou que optou por prestar o Enem somente em 2023. A prioridade é o trabalho, que tira o tempo para que ele mantenha os estudos em dia.
O adolescente destacou ainda que a pandemia de Covid-19 também trouxe problemas. Ele encarou dificuldades de participar de aulas online e também sofreu com a readaptação para o ensino presencial.
“{A pandemia} atrapalhou um pouco, pois ficamos um tempo sem ter aula. Aí voltamos online e muitos dos dias eu não conseguia entrar. Com isso, meu rendimento na escola caiu um pouco”, afirmou.
“E com a volta das aulas presenciais foi um pouco difícil até que a gente conseguisse se adaptar de novo”, completou.
Com a mesma idade, Giovanna Mendonça também sentiu o impacto da pandemia na rotina de estudos e notou prejuízo no aprendizado.
“A pandemia atrapalhou bastante, não consegui fazer as aulas remotas, foi muito difícil para mim”, contou a jovem.
“No início, foi muito complicado. Eu pensei que ia ser só uma semana sem aula. Aí tinha que ficar a manhã toda em frente ao computador e eu tenho dificuldade em aprender online”, detalhou.
O Enem 2022 terá 3,3 milhões de participantes. O número só é melhor que a edição de 2021, quando cerca de 3,1 milhões de estudantes prestaram o exame.
Incentivo de escolas
O professor Sandro Pontes contou para o Portal 6 que diversas instituições de ensino de Anápolis desenvolveram formas de estimular a participação dos alunos, como é o caso do Colégio Estadual Polivalente Frei João Batista, onde trabalha.
Uma das iniciativas foi realizar a inscrição dos estudantes no Enem dentro da própria escola, para que assim eles se sentissem mais seguros e não perdessem a chance por problemas na hora de fazer o cadastro.
“Depois de feita a inscrição, a gente vai oferecer cursos de preparação na própria escola. A própria Secretaria de Educação oferece também”, contou.
“Aqui na escola nós fazemos um simulado geral, alguns dias antes do Enem, exatamente como é no Enem. Com a caneta própria, com as folhas próprias, o horário, com a fiscalização para eles sentirem como é o ambiente”, completou.
O professor ainda destaca que a principal ação das instituições de ensino anapolinas é a conscientização dos jovens para a importância da educação.