Longe de ser realidade em Anápolis, calçadão pode ter vários benefícios
De economia ao bom urbanismo, especialista elenca pontos positivos, mas também ressalta cuidados necessários para implementá-lo
Assim como já existe em cidades goianas como Pirenópolis e Caldas Novas, o famoso calçadão daria a Anápolis uma oportunidade de criar um espaço de convivência amplo, oferecer lazer e até estimular a economia.
Com circulação exclusiva de pedestres, a estrutura garante a segurança de quem anda por ali, seja para ‘turistar’, comprar ou procurar bons restaurantes.
Curitiba, no Paraná, é um bom exemplo de como o espaço funciona na prática. Afinal, foi lá que o primeiro calçadão do Brasil nasceu, ainda em 1972, para o uso exclusivo dos transeuntes, que aproveitam a região repleta de lojas, restaurantes e bares.
Em Anápolis não há planos para a construção de um espaço do tipo. Segundo a arquiteta e urbanista Richara Moreira, uma eventual implementação exige, em primeiro lugar, a delimitação de uso.
“Esse calçadão teria que ter um uso estabelecido, promover eventos culturais, atrativos, urbanos, de memória da cidade e que consolide a história do Centro do município”, afirmou.
“A gente não pode apenas fechar uma quadra, uma rua e falar que isso é um calçadão. Falar, “olha que lindo, tem algumas árvores e uma lanchonete”. Isso não qualifica o espaço urbano. Então, ele tem que ter um uso muito bem planejado para atrair as pessoas, os usuários e ter uma programação no próprio cronograma da cidade para que ele seja utilizado”, completou.
Detalhista
Para que o calçadão não mude de atração de lazer para um ponto de insegurança na cidade, a arquiteta defende que, caso venha a existir, o projeto seja bem pensado. Ela lembra que o Centro de Anápolis é agitado durante o dia, mas a pouca movimentação noturna torna-o até mesmo perigoso.
Richara enfatiza que para viabilizar a intervenção urbana é necessário um planejamento minucioso, ao lado de uma equipe multidisciplinar focada em atender todas as demandas que o espaço exigiria, como principalmente a questão da mobilidade, que seria a mais impactada de início.
“Seria necessária a criação de outros trajetos para atender a população. As pessoas teriam que ser educadas para saber lidar com o novo trajeto, um novo plano de mobilidade teria que ser desenvolvido. Então, com certeza gera um impacto, principalmente na mobilidade, até que haja adaptação”, frisou.
“Mas é passível de implementação, é passível de estudo e é possível. Às vezes, as cidades deixam de ganhar por conta de apresentarem apenas os impactos e não apresentarem estudos que atendam e respondam esses impactos de pontos positivos”, complementou.
A arquiteta ressalta que “não adianta a gente criar um único ponto, pois não conseguiria atender à demanda geral”. Ela, contudo, aponta o Centro da cidade como o ponto ideal para receber o primeiro calçadão, como forma até mesmo de resgatar a memória da região.