Vice de Ciro, Ana Paula atribui violência política à economia e nega acenos à direita
Candidata evitou apontar culpados e, quando o fez, citou uma corresponsabilidade de todos os ex-presidentes
DANIELA ARCANJO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Candidata à Vice-Presidência pela chapa de Ciro Gomes (PDT), Ana Paula Matos (PDT) afirmou que a violência política é fruto do discurso “parte a parte” e não quis atribuir uma responsabilidade maior a um só candidato. “Um único homem não teria a capacidade de mudar a atmosfera de um país”, disse.
Na manhã desta quarta (28), a candidata participou da sabatina promovida por Folha de S.Paulo e UOL com candidatos à Vice-Presidência. Mara Gabrilli (PSDB) foi a entrevistada de segunda-feira (26) e Geraldo Alckmin (PSB) é o desta quinta (29). Braga Netto (PL), da chapa de Jair Bolsonaro (PL), ainda não aceitou o convite.
Quando questionada sobre a escalada de violência a que o país assiste nesta campanha, Ana Paula evitou apontar culpados e, quando o fez, citou uma corresponsabilidade de todos os ex-presidentes. A ênfase da candidata foi no momento econômico do país.
“As pessoas estão, sim expressando violência, mas por quê? Elas estão com dor, estão com fome”, afirmou. “E se as pessoas continuarem com fome e sem perspectiva [após as eleições], o Brasil vai voltar a um momento de convulsão social.”
A candidata também evitou responder questionamentos sobre tumultos pós-eleições no caso de vitória de Lula e contestação dos resultados de Bolsonaro.
“O momento institucional de um país não depende de um único homem”, afirmou. “Se a sociedade brasileira escolher aquele presidente que lhe representa, qualquer que seja esse, essa escolha será respeitada.”
Ana Paula repete a estratégia de Ciro Gomes de criticar os dois líderes da pesquisa. O presidenciável é acusado por aliados e críticos de fazer acenos à direita. “Estamos fazendo acenos ao Brasil”, afirmou ela.
Ao longo da entrevista, Ana Paula se apresentou como cristã, mulher, petroleira, advogada e professora.
A candidata é servidora concursada da Petrobras e passou pela diretoria de Educação da Prefeitura de Salvador em 2013. Ela também foi cotada para vice de ACM Neto (União Brasil), que disputa o governo da Bahia. A decisão da campanha de Ciro foi divulgada na data limite para escolher os candidatos, em agosto.
Antes disso, Ana Paula havia estreado nas disputas eleitorais em 2020, como vice na chapa vencedora da Prefeitura de Salvador. Em suas redes sociais, ela se diz “movida pela fé”. Durante a entrevista, ela usou diversas expressões religiosas e agradeceu a Deus pela oportunidade de se apresentar.
Concorrer com uma chapa pura, sem aliança com outros partidos, refletiu a dificuldade de Ciro de atrair siglas para sua candidatura. Na época, ele atribuiu a falta de apoio à sua defesa de uma mudança no modelo econômico brasileiro, com o que batizou de Projeto Nacional de Desenvolvimento.