Movimento de tatuadoras com atendimento exclusivo para mulheres vira tendência em Goiânia
Formato visa garantir ambiente mais confortável e seguro tanto para as clientes quanto para as profissionais
Seja por desconforto, medo ou situações embaraçosas vivenciadas ao longo da profissão, o movimento de tatuadoras que optam por realizar o serviço apenas no público feminino tem se expandido entre as profissionais da área em Goiânia.
O novo formato de atendimento não é apenas um mero capricho. Para elas, o modelo é uma forma de garantir um ambiente mais confortável e seguro tanto para as clientes quanto para as tatuadoras que, por vezes, têm que passar por casos embaraçosos ao longo de uma sessão.
De quebra, possibilita com que as profissionais mitiguem qualquer sentimento de desvalorização do próprio trabalho – já que alguns homens chegam a questionar se o valor do serviço executado por uma mulher não deveria ser mais barato.
Esse tipo de depreciação aliada a uma série de experiências desconfortáveis, como cantadas e proximidades indesejadas durante as sessões de atendimento, foi o que levou a tatuadora Laylla Modesto, de 28 anos, a direcionar os trabalhos e atendimentos somente para as mulheres.
Em entrevista ao Portal 6, a profissional conta que atua na área há três anos e, logo no início da profissão, cerca de oito meses depois, decidiu dar uma guinada nos planos.
“Era muita desvalorização do público masculino. Desrespeitaram demais o trabalho e tinha que escutar algumas ‘gracinhas’. Uma vez cheguei a escutar de um homem ‘Ué, mas você é mulher e cobra o mesmo valor que um homem?’ Era uma situação que eu decidi que não precisava passar mais por isso “, relembrou.
Para Laylla, além de proporcionar mais comodidade para ela durante o atendimento, o modelo também gera um ambiente de maior conforto entre as clientes que frequentam o espaço e tem sido executado na capital por outras tatuadoras.
“Sinto que tem muitas tatuadoras que estão escolhendo tatuar só mulheres. Quando não tatuam apenas mulheres, elas decidem escolher bem quais homens elas vão atender e dependendo da abordagem elas rejeitam”, diz.
A tatuadora Brenda Ribeiro de Jesus, de 28 anos, é uma das profissionais que também optou por estreitar o público e atender apenas mulheres.
A mulher atua na área há três anos e revelou que, inicialmente, atendia tanto homens quanto mulheres. No entanto, fatores como atender na própria residência, morar sozinha e a proximidade física com os clientes do sexo masculino durante a sessão a fizeram repensar a escolha.
“Fui tatuar um homem e era em uma região da parte interna do braço dele. Então ele tinha que apoiar o braço na maca e esticar para o meu rumo e a mão dele ficava bem do lado do meu peito. Era uma coisa que me deixou muito desconfortável”, relembrou.
Desde então, Brenda tomou a decisão e diz que está longe de ter causado algum tipo de arrependimento.
“A gente nunca tá sozinha, nunca tá tranquila com um homem desconhecido dentro de casa […]. Isso [tatuar homens] é algo que atrapalha diretamente no meu trabalho, eu não vou estar à vontade, vou querer terminar a tatuagem o mais rápido possível, minha ansiedade ataca…”, explicou.