Apesar da alta demanda por profissionais de TI no estado, goianos preferem buscar oportunidades fora
Desenvolvedores de software explicam por que não compensa construir carreira local
A falta de profissionais na área de tecnologia vem se tornando um problema cada vez mais grave nos últimos anos. Após o boom dos processos virtuais, alavancado pela pandemia da Covid-19, empresas buscam pessoas para preencher as vagas há muito tempo vazias.
“Temos muita oferta de trabalho mas poucos profissionais qualificados”, disse a diretora da Agregar Gestão de Pessoas, Maria Célia Franklin Ferreira, ao Portal 6. A situação se tornou crítica ao ponto da Federação das Associações das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro), elaborar um manifesto ainda em 2022 para que o governo federal se empenhasse em solucionar o problema.
De acordo com o desenvolvedor de software para a Loggi, João Gabriel Fernandes, a desistência na educação superior contribui para a falta de profissionais. “Metade das pessoas abandonam os cursos porque entram com uma ideia de que vão só desenvolver joguinhos”, explicou.
“Mas a realidade é que precisam ter raciocínio lógico e conhecimento matemático tanto na prática quanto na teoria.”
Aqueles que conquistam o diploma, no entanto, pouco se interessam em construir carreira em Goiás. Para o desenvolvedor, que mora em Goiânia mas trabalha em regime home office, a capital não é centro de indústria tecnológica.
Portanto, as vagas disponíveis não oferecem o crescimento que empresas de grande porte tendem a proporcionar. “Em lugares como São Paulo e Curitiba, é mais fácil conseguir boas oportunidades e mais opções com diferentes subáreas”.
Segundo João Gabriel, o que explica a permanência de profissionais em solo goiano é o pensamento de construir currículo. Então, uma vez satisfeitos com a experiência, se candidatam para as vagas nacionais e até internacionais, que oferecem salários mais altos e espaço para crescer, apontou.
Isaque Borges, desenvolvedor da EloGroup, empresa privada de consultoria em tecnologia sediada no Rio de Janeiro, é uma das pessoas que saíram de Goiás em busca de um mercado de trabalho mais amplo.
Nascido em Anápolis, o desenvolvedor de software atualmente mora em Brasília, onde trabalha de casa. Apesar de reconhecer que existem vagas em Goiás, o profissional apontou ao Portal 6 que planeja se candidatar para as oportunidades internacionais.
“Você tem que oferecer a mesma qualidade de trabalho tanto para uma empresa daqui quanto para a de fora, então não tem porque querer crescer a carreira aqui. Goiás é bom para alavancar, preencher currículo, tudo focado em pedir demissão e procurar emprego melhor em outro lugar”, afirmou João Gabriel.