Situações absurdas que aconteceram na Grande Goiânia e ainda são difíceis de acreditar
Histórias são dignas de filmes de ficção e entraram para história não somente do estado, mas do país devido aos detalhes e desfechos inusitados
Basta uma breve olhada no histórico da Grande Goiânia para que a expressão ‘nó na cabeça’ deixe o vocabulário para se tornar quase que um sentimento. Isso porque, na trajetória da região, algumas situações inusitadas entraram para a história do absurdo no país e dificilmente serão esquecidas.
Mas, apesar dos questionamentos e das histórias que parecem ter sido tiradas de filmes de ficção, as situações de fato aconteceram e englobam desde um achado de uma orelha em um estacionamento de uma emissora de TV até o roubo do cabelo de uma evangélica dentro de um terminal de ônibus.
1. Mulher que teve cabelo cortado por ladrão em terminal
Não, você não leu errado. Uma mulher, chamada Cleicilane Gonçalves, realmente teve o cabelo cortado e roubado por um homem no Terminal do Jardim Novo Mundo, em Goiânia. A situação aconteceu em abril de 2011.
Tudo começou porque o suspeito teria ficado impressionado com o comprimento do cabelo da vítima, que era evangélica, e decidiu tomar uma atitude: cortar as madeixas dela com um estilete e fugir do local.
Após o crime, a mulher retornou para a residência e foi aconselhada pelo marido a registrar um boletim de ocorrência.
Na época, o registro foi feito no 19º Distrito Policial de Goiânia e os policiais boquiabertos por ser o primeiro tipo de registro dessa natureza que eles registravam na delegacia.
Ao G1, o delegado responsável pelo caso, José Carlos Bezerra da Silva, afirmou à época acreditar que o criminoso tinha como objetivo vender o cabelo, uma vez que as madeixas não eram tingidas e possuíam um alto valor no mercado. O suspeito nunca foi identificado e à pobre moça coube esperar o cabelo voltar a crescer.
2.Caixão que caiu com morto do carro de funerária
Em plena luz do dia, no meio da Avenida Quarta Radial, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. Foi ali, nessa situação, que um caixão com um corpo dentro foi encontrado por populares no dia 31 de janeiro de 2015.
Enquanto trafegava pela via, o caixote com um cadáver acabou caindo de um carro de funerária.
Na época, testemunhas que presenciaram a cena alegaram que o caixão havia caído porque o motorista teve que fazer uma manobra brusca para impedir uma colisão contra um motociclista.
Apesar do susto, a situação não demorou muito para ser resolvida. Logo após notar a queda, o motorista desceu do veículo, pegou a tampa e, com a ajuda de populares, colocou o caixão de volta no veículo. A ocorrência não chegou a ser registrada na Polícia Civil.
3. Repórteres que se ofereceram para ficar no lugar de criança sequestrada
Uma história com teor quase inacreditável que também ficou marcada nos registros de Goiânia foi o sequestro do menino Said Agel Filho, de 09 anos, que aconteceu em 1989. Isso porque três jornalistas, que cobriam o caso, se ofereceram para tomar o lugar do menor.
O menino havia sido raptado enquanto brincava em frente à própria residência, na capital. Para soltar o pequeno, os criminosos pediram que um total de 500 mil cruzados novos, equivalente a cerca de 6 milhões de reais, fossem deixados dentro da letra “O” do letreiro do Shopping Flamboyant, no Jardim Goiás.
Apesar das diversas tentativas de emboscadas por parte da Polícia Civil (PC), a investigação chegou a um beco sem saída que resultou em mais de 10h de negociação.
Foi nesse momento que Solange Franco, da TV Anhanguera, Mônica Calassa, da TV Goiás, e Carla Monteiro, do Diário da Manhã, se propuseram a ficar no lugar da criança e, por incrível que pareça, passaram a ficar sob domínio da quadrilha.
Após intensos debates, os criminosos concordaram em liberar os reféns mediante a uma quantia de 100 mil cruzados, além de um carro blindado e um avião. Desde então, nenhum dos criminosos jamais foi visto pela Polícia Civil (PC).
4. Acidente Césio-137
Considerada uma das maiores tragédias radioativas já registradas no mundo, o acidente envolvendo Césio-137 também é mais um dos casos absurdos que aconteceram em Goiânia.
A situação aconteceu no dia 13 de junho de 1987 em um edifício abandonado, que uma vez abrigara o Instituto Radiológico de Goiânia, na região Central.
Foi ali que dois catadores de materiais recicláveis encontraram um equipamento médico, já desativado, que abrigava no interior uma cápsula contendo Césio-137, isótopo extremamente radioativo.
Logo em seguida, os trabalhadores venderam a estrutura ao dono de um ferro velho no Setor Central, chamado Devair Ferreira, que abriu o aparelho e encontrou um pó que emitia luz azulada. Não o bastante, ele ainda levou um pouco da substância para casa e a compartilhou com o irmão dele, o empresário Ivo Ferreira.
Inicialmente, as pessoas expostas ao Césio-137 foram medicadas nos postos de saúde e hospitais de Goiânia, acreditando se tratar apenas de uma doença convencional. No entanto, após notar que todas as pessoas que tiveram contato com a peça adoeciam, a esposa do dono do ferro-velho decidiu levar a peça até a sede da Vigilância Sanitária Estadual, onde descobriu a verdade por trás dos fatos.
Ao todo, quatro pessoas morreram e 249 pessoas foram contaminadas. Dessas, 129 tinham rastros da substância nas partes internas e externas do organismo.
Cinco pessoas foram condenadas a 3 anos e 2 meses de prisão em regime aberto pelo crime de homicídio culposo pela forma como o equipamento foi deixado no edifício. Contudo, a pena foi transformada em prestação de serviços comunitários e, em 1999, a ação penal foi arquivada.
5. Rebelião Cepaigo
A história do bandido ousado e sedutor, Leonardo Pareja, que debochava da atuação da polícia e que, por um tempo, se tornou uma espécie de celebridade nacional, também não passa batida. Uma das peripécias mais marcantes do criminoso foi a rebelião no Centro Penitenciário de Goiás (Cepaigo), em Aparecida de Goiânia.
Em abril de 1996, ele e outros 43 detentos, conseguiram aproveitar uma brecha deixada pelas autoridades que vistoriavam o local e fazer de reféns um grupo de coronéis da PM, delegados, promotores e até mesmo o então presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, o desembargador Homero Sabino de Freitas, durante seis dias.
A rebelião – que foi transmitida em rede nacional – chegou ao fim no dia 03 de abril do mesmo ano e teve, como resultado, a fuga de todos os envolvidos. Os bandidos conseguiram escapar em oito carros, todos escoltados pelas polícias Federal e Civil, e com a presença dos reféns.
Aproveitando os holofotes, Pareja ainda parou o veículo em que trafegava para ir até em um bar, comprar cigarros, bebidas e distribuir autógrafos.
De quebra, ele ainda pagou uma rodada de cerveja para as pessoas que estavam no local, com notas de R$ 50 e R$ 100 recebidas durante a fuga. No entanto, um dia depois, ele foi recapturado pela polícia num posto de combustíveis em Porangatu e assassinado por colegas de cela meses depois.
6. Orelha de Wellington Camargo encontrada em estacionamento de emissora de TV
Outro ocorrido que gerou espanto na época foi o sequestro do cantor gospel Wellington José de Camargo, irmão de Zezé Di Camargo e Luciano, no dia 16 de dezembro de 1998, em Goiânia.
O crime foi executado por Moacir Francisco Oliveira e os irmãos dele José Francisco de Oliveira e Ademir Francisco de Oliveira,na chácara Quinta dos Sonhos, em Abadia de Goiás.
Oito meses antes do crime, os criminosos planejaram a ação e construíram muros altos na frente e nas laterais do espaço, além de instalarem portão eletrônico e fazerem um barracão com dois cômodos em um banheiro nos fundos do imóvel.
Inicialmente, eles exigiam US$ 5 milhões de resgate. Para tentar intimidar a família, Moacir cortou com uma faca dois terços da orelha de Wellington e enviou o pedaço até a emissora Serra Dourada, afiliada do SBT.
Ao final, os criminosos concordaram em reduzir o valor para US$ 300 mil, o que foi pago pela família e causou na liberação da vítima. Wellington ficou 94 dias no cativeiro e os criminosos foram encontrados e condenados pelos crimes.