Anápolis: Viabilidade e importância das cidades inteligentes

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -

Em agosto de 2019 um grupo de profissionais do Governo Federal, sociedade civil, comunidade acadêmica e do setor privado, iniciou estudos e discussões para a elaboração da Carta Brasileira de Cidades Inteligentes. O documento foi lançado oficialmente no dia 08 de dezembro do ano passado, na abertura do Smart City Session – evento online realizado pelo iCities, empresa que realiza desde 2018 a edição brasileira do maior evento de cidades inteligentes do mundo.

Apesar de ser relativamente recente, o conceito de Smart City já se consolidou como assunto fundamental na discussão global sobre desenvolvimento sustentável e movimenta um mercado mundial de soluções tecnológicas, que é estimado a chegar em US$ 408 bilhões até 2020. Cidades de países emergentes estão investindo bilhões de dólares em produtos e serviços inteligentes para sustentar o crescimento econômico e as demandas materiais da população, principalmente entre a classe média. Ao mesmo tempo, países desenvolvidos têm aprimorado a infraestrutura urbana existente e assim permanecendo competitivos.

O Brasil precisa não só estar plenamente inserido neste contexto, como deve olhar para o caminho que vai nesta direção, levando em conta as dimensões continentais do país e o grande número de cidades que podem e devem estar neste processo. A Carta Brasileira de Cidades Inteligentes afirma que seu objetivo é ajudar o Brasil a dar um passo firme rumo a cidades melhores para as pessoas.
Sendo assim, o papel do poder público se reveste de vital importância. É preciso que os governantes, em todas as esferas, bem como sociedade civil organizada, busquem uma “visão ampla, inspiradora e responsável sobre como agir para entender as cidades inteligentes no contexto brasileiro” como afirmou o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, por ocasião do lançamento oficial do documento.

O embaixador alemão disse bem. Só com esta visão se pode fomentar a implantação de um desenvolvimento urbano mais sustentável, inclusivo, e promover padrões de desenvolvimento urbano sustentável que levem em conta o contexto brasileiro da transformação digital nas cidades.
Para que uma cidade possa fazer parte desse processo é preciso entender premissas importantes, dentre as quais destaco algumas.

Em primeiro lugar, há que se considerar as desigualdades presentes nas cidades brasileiras. Nesse aspecto, urge integrar a transformação digital nas políticas, programas e ações de desenvolvimento urbano sustentável, respeitando as diversidades e considerando estas desigualdades.

A adoção e implantação de modelos inovadores e inclusivos de governança urbana, e o fortalecimento do papel do poder público na gestão dos impactos da transformação digital nas cidades é outro aspecto de vital importância neste caminho e passa por ações como acesso equitativo à internet de qualidade para todas as pessoas.

Igualmente importante será fomentar o desenvolvimento econômico local no contexto da transformação digital. Para isso, é preciso que se construam modelos e instrumentos que possam, com eficiência, financiar o desenvolvimento urbano sustentável no contexto da transformação digital.

Não se pode alcançar êxito verdadeiro num projeto desta magnitude se não gerarmos um movimento massivo e inovador de educação e comunicação públicos. É necessário que haja um maior engajamento da sociedade no processo de transformação digital e de desenvolvimento urbano sustentáveis. Para isso é preciso construir meios para compreender e avaliar, de forma contínua e sistêmica, os impactos da transformação digital nas cidades. O caminho mais eficiente e concreto para isso é a educação.

Observadas estas premissas, a conclusão óbvia é que a cidade de Anápolis – outrora chamada de “Manchester goiana” – precisa estar preparada para fazer parte deste futuro. Reunir as condições para isso é algo a ser feito no presente.

Requisitos e condições ideais para Anápolis tem de sobra. A começar pela sua localização geográfica, uma das mais estratégicas do país. Possui um dos maiores polos industriais do país, é a segunda maior força econômica de Goiás e está entre as 100 cidades do Brasil com o maior Produto Interno Bruto, nada menos que R$ 14,2 bilhões. Além disso, a cidade responde por 45% da importação nacional de insumos.

Recentemente a Urban System, é uma empresa especializada em análise de dados demográficos, categorizou a cidade entre as 100 mais competitivas do Brasil. Anápolis dispõe de um Porto Seco que movimenta mais US$ 2 bilhões e é o terceiro maior do país, além de ter o marco zero da Ferrovia Norte Sul e o principal centro logístico do Centro-Oeste brasileiro.

Anápolis ocupa o primeiro lugar no ranking de competitividade e desenvolvimento divulgado pela Secretaria Estadual de Planejamento. No cenário nacional é o quinto maior PIB do Centro-Oeste, atrás apenas de Brasília, Goiânia, Campo Grande e Cuiabá, respectivamente, e é a 53ª maior economia industrial do país, de acordo com o IBGE. Se a educação é um fio condutor para as cidades inteligentes, Anápolis é um polo universitário, além de se destacar também como dos mais avançados centros de saúde do interior do Brasil.

Pois bem, a publicação da Carta Brasileira de Cidades Inteligentes estabeleceu a matriz de diretrizes para a elaboração de políticas públicas, a implementação e o financiamento de projetos de cidades inteligentes pelos municípios, além de alimentar a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano.

Resta agora pactuar uma visão comum sobre cidades inteligentes no contexto brasileiro, crucial para o futuro de nossa cidade e para a articulação de políticas, programas, iniciativas e investimentos públicos que permitam às cidades navegarem neste mundo em transformação.

Márcio Corrêa é empresário e odontólogo. Preside o Diretório Municipal do MDB em Anápolis. Escreve todas as segundas-feiras.

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