Especialista de Anápolis explica o que pode levar pessoas a incendiarem reservas ambientais
Ideal é que haja uma investigação e criminosos recebam os tratamentos adequados
A temperatura alta e a umidade de ar baixa, a níveis que até fazem mal à saúde, não foram as únicas dificuldades enfrentadas pelos anapolinos nas últimas semanas. É que o Corpo de Bombeiros, apenas neste mês de setembro, foi acionado incontáveis vezes para apagar incêndios.
Em um dos casos, a cidade amanheceu encoberta por fumaça após as chamas, provocadas por ação humana, se espalharem na reserva florestal do Cidade Jardim, próximo à rodoviária, na região Central de Anápolis.
Em outra ocasião, um morador do Jardim Gonçalves, bairro da região Sul de Anápolis, foi flagrado com fósforos e isqueiro pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) ateando fogo na vegetação que fica às margens da BR-153. Ele não apresentou nenhuma justificativa para o crime ambiental.
Doutor em Psicologia pela PUC Goiás e professor universitário na UEG, Anhanguera e UniEVANGÉLICA, Thiago Pitaluga disse em entrevista ao Portal 6 que esse comportamento, segundo a literatura de saúde mental, teria uma explicação psicopatológica.
“Quando um indivíduo apresenta atitude dessa proporção é possível que o mesmo possua um transtorno de personalidade antissocial (Sociopatia). Estes transtornos, que são caracterizados por comportamentos profundamente enraizados em sua estrutura psíquica, provocam prejuízo social, são duradouros e se manifestam de forma rígida e inflexível. Ou seja, o indivíduo torna-se uma ameaça à sociedade”, afirmou.
Conforme o doutor, existe um subtipo de transtorno que é denominado Piromania. Ele é explicado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e se trata da “presença de múltiplos episódios de provocação deliberada e proposital de incêndios”.
“O próprio CID-10 aponta também que se deve ‘descartar outras causas de comportamento incendiário antes de se fazer o diagnóstico de Piromania’. O manual explica que podem existir outras motivações como fins lucrativos, sabotagem, vingança, terrorismo, protestos, etc. Como o país vem enfrentando uma série de episódios semelhantes, muitas pessoas com finalidades políticas, ou até mesmo por questões provocativas gerais, poderiam cometer tais crimes e interpretar esse comportamentos como patológicos, independente de suas motivações”, explicou.
A orientação do profissional, nesta perspectiva, é que criminosos diagnosticados com algum transtorno sejam investigados e submetidos aos tratamentos adequados, pois “não há por parte deste indivíduo qualquer julgamento que envolva questões de prejuízo e sofrimento social e ambiental”.