Pai do menino Henry diz por que a ex-mulher quer ser vista como vítima de Dr. Jairinho

Monique, mãe da criança morta mês passado, é suspeita de ter matado Henry

Folhapress Folhapress -

Tatiana Campbell, do RJ – O pai de Henry, Leniel Borel, afirmou ver como estratégia de defesa os relatos de agressão feitos pela mãe da criança, a professora Monique Medeiros, por meio de seus advogados. “Ela poderia até estar sendo agredida, mas não protegeu o filho dela”, disse, nesta quinta-feira (22), o engenheiro.

“Eu não acho que ela estava sendo agredida. Pode ter sido agredida no final, para não falar nada do que sabia. Agora antes? Isso daí é estratégia de advogado para tentar melhorar o caso dela”, afirmou Leniel às vésperas da conclusão do inquérito pela polícia.

Para o engenheiro, o fato de Monique supostamente ter mentido à polícia também evidencia que ela não quis defender o filho. Leniel revelou ainda que a professora teria tentado manipular a família contra ele. O pai de Henry disse ter ouvido de familiares de Monique que ela o teria acusado de “alienação parental” após a morte do menino.

A reportagem encaminhou as declarações de Leniel à defesa de Monique, mas os advogados ainda não se manifestaram. A mãe de Henry Borel relatou aos seus advogados que sofreu agressões físicas e verbais do vereador Dr.Jairinho (sem partido) e que, após a morte da criança, foi manipulada para ajudá-lo. Ela definiu o relacionamento com o parlamentar como abusivo.

Os relatos de agressão contra Monique Segundo Leniel, “o pai dela falava que, quando pequena, ela batia em outras crianças. Ela é forte, estrutura grande”. O porte físico se manteve na idade adulta e se intensificou por ela frequentar academia. “Não tinha estrutura para apanhar sem revidar”, disse o pai de Henry.

A defesa de Monique quer que ela preste um novo depoimento à polícia, já que -por medo- a professora teria mentido na primeira vez. A polícia contudo descartou ouvi-la.

O engenheiro disse que, ao questionar Monique sobre relatos do menino de que o “o tio machuca”, ela falou: “‘Eu mataria ele se fosse o caso, se estivesse acontecendo alguma coisa. O Henry é um menino muito inteligente. Eu botei uma câmera no quarto e a câmera não mostra nada’. Como eu vou achar que uma mulher dessa, olhando tudo, que ela estava sendo agredida?”.

Leniel também relatou ter se encontrado com Monique sem a presença de Jairinho e que, “em nenhum momento, [ela] falou” sobre a suposta violência contra ela.

MANIPULAÇÃO

Leniel contou ter notado movimentos de Monique para tentar mudar o rumo das investigações.

“Enquanto eu estava participando do processo das investigações, ouvindo as coisas, eu ouvi da família dela que eles criaram um grupo e que Monique estava manipulando todo mundo, tentando passar o problema pra mim. Falou em alienação parental, tentando falar que eu manipulava meu filho, falando pra família pra me investigar.”

Até 8 de abril, quando Monique e Jairinho foram presos, o pai de Henry disse que acreditava que ela poderia estar sob ameaça do parlamentar.

O pai de Henry classificou como “nebuloso” o suposto envolvimento da mãe da criança na morte e disse que ainda não consegue entender qual foi o papel de Monique na trama.

8 DE MARÇO

O pai de Henry falou sobre a madrugada de 8 de março, quando a criança deu entrada sem vida em hospital na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

“Lá no hospital, quando eu cheguei e falei com os dois [Monique e Jairinho], ele falou que ouviu um barulho no quarto e foi lá ver o Henry e ele estava revirando o olho e com dificuldade para respirar. Aí depois vi o depoimento dela, totalmente ao contrário, falando que ela foi lá primeiro. O que eles falaram para mim não foi isso. E o que ele foi lá fazer, agora para mim está claro. O que ela sabe a mais, só ela pode dizer.”

RELAÇÃO COM MONIQUE

Leniel falou sobre o relacionamento com Monique. “Eu era provedor, ia para outro estado. Se tivesse que embarcar, eu embarcava para botar dinheiro dentro de casa [Leniel é engenheiro em plataformas de petróleo no Rio]. Ela ficava com meu filho, mandava vídeos. Sempre cuidando. O que meu filho queria dava. Na minha ausência, ela era uma excelente mãe.”

Após a separação, Leniel disse que Monique quis a guarda da criança. “A reação dela era totalmente contrária. Ela queria ficar com o filho. Mas Monique escolheu a felicidade dela, a felicidade dela foi acima de tudo.”

Dias antes da morte de Henry, o pai notou que o filho estava triste em uma chamada de vídeo. Minutos depois, a mãe da criança relatou a Leniel que o filho sentia falta do pai e que havia dito para a psicóloga que “o tio machuca”.

“Aí ela [Monique] falou assim: ‘Esquece isso, isso não acontece. Isso é uma reação dele, isso não pode estar acontecendo. Parei minha vida, deixei de ir para a academia, não faço mais nada, eu fico com ele a tarde toda’.

“A Monique foi o principal filtro. Como mãe, ela poderia ter bloqueado. Depois a gente vê o escárnio com a sociedade, comigo. Nunca mais me ligou, os pais dela não me ligaram. Depois ela aparece na delegacia tirando foto, como se nada tivesse acontecido.”

SEM HENRY

Com a voz embargada, Leniel fala em impotência ante a morte da criança.

“Eu hoje levo o peso, como pai, além da morte do meu filho, meu filho único, meu melhor amigo se foi, eu levo o peso dessa impotência de fazer mais pelo meu filho. Queria ter protegido mais meu filho, se ela tivesse falado, eu sairia de qualquer lugar do mundo e teria sumido com o Henry.”

“Vai vir estratégia de Jairinho, vai vir estratégia de Monique. Eu preciso ter saúde para continuar, todo dia tem notícia. É muito difícil para um pai. E eu preciso continuar, ir em frente. Eu não consigo trabalhar, estou com acompanhamento de psicólogo. Eu não tenho mais motivação nenhuma de vida. Conquistei muita coisa, mas eu trocaria, venderia tudo para ter mais um dia com meu filho e eu não tenho mais. Só queria dar mais um abraço no meu filho.”

LUTA PELO DIREITO DA CRIANÇA

O engenheiro criou um abaixo-assinado online para pedir a aprovação do projeto de lei 1386/2021, chamada de Lei Henry Borel, que aumenta a pena de 1/3 até metade por crimes cometidos por pais, madrasta ou o padrasto.

“Eu não consigo admitir que meu filho veio ao mundo para prender a mãe e o padrasto. É muito pouco. Hoje são 32 crianças assassinadas por dia no Brasil, segundo a Unicef. A gente vê um monte de caso. Não pode ser só o Caso Henry. Quanta gente não está sofrendo?”

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