Dois filhos de Flordelis são condenados pela morte do pastor Anderson do Carmo
Autor dos disparos foi condenado a 33 anos de prisão
Lucas Cézar dos Santos de Souza, que teria ajudado a comprar a arma do crime, segundo o Ministério Público do Estado do Rio, foi condenado a sete anos e meio por homicídio triplamente qualificado. Sua pena foi reduzida por ter colaborado com as investigações.
O julgamento começou na tarde de terça-feira (23) e avançou pela madrugada. O júri foi presidido pela juíza Nearis dos Santos de Carvalho Arce, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói, e teve mais de 15 horas de duração. Oito testemunhas da acusação e da defesa foram ouvidas.
Flordelis dos Santos de Souza Deputada foi cassada por suspeita de participar da morte do marido.
A delegada Bárbara Bueno afirmou que antes da eleição de Flordelis ocorreram tentativas de assassinar o pastor por envenenamento. “Ele passou por diversos atendimentos médicos e chegou a ser internado no hospital. Aqueles que estão ligados a esse homicídio são os familiares mais próximos a Flordelis. São pessoas muito vulneráveis, que tinham relação de dependência em relação a ela e desentendimentos com a vítima”, disse.
Para o delegado Alan Duarte, ” Flordelis manipulou, mentiu e ocultou provas”. Segundo ele, havia um racha na família, com diferença de tratamento entre filhos biológicos e adotivos. “O pastor comandava a família de forma rígida e geria a parte financeira, o que gerava descontentamento nos ligados à Flordelis”.
Um dos filhos adotivos da ex-deputada, Wagner Pimenta, o Misael, disse que, após a morte do pastor, Flordelis escreveu em um caderno que havia quebrado o celular de Anderson e jogado da ponte Rio-Niterói. Ela desconfiava que havia escuta policial na casa e por isso preferiu escrever.
O pastor morreu após ser perfurado por mais de 30 balas, como consta no laudo do Instituto Médico Legal. Ele tinha 42 anos quando foi assassinado, na frente da casa onde morava com Flordelis e dezenas de filhos, a maioria adotada pela líder evangélica.
Flordelis foi presa em 13 de agosto deste ano, dia seguinte à cassação de seu mandato, avalizada por seus pares da Câmara dos Deputados. A parlamentar, que em 2019 chegou a concorrer à presidência da bancada evangélica, caiu em desgraça após a suspeita de que tramou o assassinato do marido.
Antes dela, que tinha imunidade parlamentar, sete filhos e uma neta foram encarcerados, também por suposta participação no homicídio de Anderson.
O pai do pastor, Jorge de Souza, disse a jornalistas na porta do fórum que estava “arrasado” com tanta “maldade, ganância”.
“Ela podia ter se separado dele. Ela estaria solta, e ele, vivo”, afirmou antes do primeiro dia do julgamento começar, segundo o portal G1.
Flordelis conheceu Anderson na favela do Jacarezinho, uma das mais violentas da zona norte carioca. Ele, 16 anos mais moço, ainda era um adolescente, evangélico como ela. O pastor era tido como arquiteto da carreira da mulher, tanto a política (foi a candidata à Câmara mais votada pelos conterrâneos em 2018) quanto a musical (era uma cantora bem-sucedida no gospel).
Em abril, Flordelis disse à Folha que estava confiante em sua permanência no Congresso. “Não acredito nesta cassação, sinceramente não acredito. Acredito muito que Deus vai trabalhar em Brasília.”