‘Comemorativo da impunidade’, diz Moro ao ironizar jantar de Lula e Alckmin
Políticos fizeram no domingo (19) primeira aparição conjunta em público em meio a articulações
O ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência da República em 2022, ironizou nesta segunda-feira (20) o jantar que reuniu o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido, ex-PSDB) na noite de domingo (19).
“Impressão minha ou ontem assistimos a um jantar comemorativo da impunidade da grande corrupção?”, escreveu Moro em rede social.
Lula e Alckmin fizeram no domingo sua primeira aparição conjunta em público em meio a articulações para que o ex-tucano seja vice do petista na disputa para o Planalto nas eleições de 2022.
O encontro entre os dois ocorreu durante um jantar promovido pelo grupo de advogados Prerrogativas, que contou com cerca de 500 convidados no restaurante A Figueira Rubaiyat, em São Paulo.
Entusiastas da chapa viram no evento um grande avanço para a formalização da união, que poderia já ser anunciada no início do ano que vem.
Em discurso de 42 minutos, Lula minimizou o passado de rivalidade com outros grupos políticos, em recado que pareceu talhado para os que lembram as trocas de farpas entre os dois.
“Não importa se no passado fomos adversários. Se trocamos algumas botinadas. Se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora”, disse Lula.
Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, responsável pelo jantar, disse à coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, que somente o governador João Doria (PSDB) e Sergio Moro eram “personas non gratas” no encontro. “Doria e Moro, juntos, pariram o Bolsonaro. Não são bem-vindos, são radiativos”, disse.
Moro abandonou a magistratura para assumir o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, com quem se desentendeu, passando a ser alvo da militância bolsonarista, sob as pechas de traidor e até comunista.
O ex-juiz sofreu neste ano uma dura derrota no STF (Supremo Tribunal Federal), que o considerou parcial nas ações em que atuou como magistrado federal contra Lula. Com isso, foram anuladas ações dos casos tríplex de Guarujá, sítio de Atibaia e Instituto Lula pela Lava Jato.
Doria foi escolhido em prévias do PSDB como o candidato do partido ao Planalto. Ele também deu impulso à escolha de seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), para a disputa do Palácio dos Bandeirantes em 2022, fechando as portas para Alckmin, que formalizou na última semana sua saída do partido.
No domingo, questionado pela Folha de S.Paulo sobre a aliança com Lula, Alckmin afirmou: “vamos aguardar, um primeiro passo foi dado”. Ele também evitou responder sobre qual partido deve escolher -PSD e PSB são opções.
“O processo está começando. Agora é hora de ouvir bastante, conversar bastante. É hora de grandeza política, espírito público e união. Vamos aguardar”, completou.
Compareceram ao jantar deste domingo os governadores Paulo Câmara (PSB-PE), Wellington Dias (PT-PI) e Rui Costa (PT-BA); o prefeito do Recife, João Campos (PSB); e presidentes de partidos como Gleisi Hoffmann (PT), Gilberto Kassab (PSB), Paulinho da Força (SD), Carlos Siqueira (PSB) e Baleia Rossi (MDB).
O jantar contou ainda com a secretária de Relações Internacionais da cidade de São Paulo, Marta Suplicy; com os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Omar Aziz (PSD-AM) e o com ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido-RJ).
O ex-senador Arthur Virgílio foi o único tucano visto entre os políticos. Estavam presentes ainda o ministro do TCU Bruno Dantas, a chef Bela Gil e a filósofa Djamila Ribeiro.