Britânica que tentava salvar cachorro é primeira vítima conhecida de tsunami em Tonga
Ainda não há registro de outras vítimas em Tonga
Em meio ao apagão de informações oficiais em Tonga sobre os impactos da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, ocorrida no fim de semana —que levou à queda das linhas de internet e telefone no país—, veio do Reino Unido a confirmação do que seria a primeira morte causada pelo tsunami no arquipélago do oceano Pacífico.
Uma britânica de 50 anos que vivia em Tonga e estava desaparecida teve o corpo encontrado nesta segunda-feira (17), segundo informações dadas pelo seu irmão em Hove, no sul da Inglaterra. Nick Eleini disse à agência Reuters que a hipótese mais provável é que Angela Glover tenha sido levada pelas ondas enquanto tentava salvar seus cachorros —ela trabalhava com o resgate de animais abandonados.
Neste domingo (16), a imprensa peruana já havia confirmado a morte de duas pessoas afogadas na região de Lambayeque, no norte do país, após o registro de ondas excepcionalmente altas. O movimento anormal na costa se deveu à erupção no Pacífico.
Segundo Eleini, Angela havia deixado Londres, onde trabalhava como publicitária, e se mudado para Tonga em 2015, quando se casou com James Glover. Ele tinha um estúdio de tatuagem e ela era fundadora de uma organização de bem-estar animal. “Ela amava pessoas e amava animais, desde pequena —quanto mais feio o cachorro, mais ela gostava dele”, disse o irmão, segundo a rede BBC. “Ela estava vivendo seu sonho, sempre quis morar em um lugar como Tonga.”
A imprensa britânica noticiou que Angela teria sido levada pelo tsunami quando tentava ajudar os cães de que cuidava. O marido conseguiu se segurar em uma árvore e se salvar —não está claro o que aconteceu com os animais. Foi James que encontrou o corpo da mulher, segundo a família.
Ainda não há registro de outras vítimas em Tonga.
O vulcão submarino entrou em erupção na tarde de sábado (15), pelo horário local (madrugada em Brasília), e provocou tsunamis em Tonga, no Japão e na Samoa Americana. Segundo autoridades das ilhas Fiji, a erupção de oito minutos foi ouvida “como um trovão distante” a mais de 800 km de distância.
Medidores registraram ondas de 83 centímetros de altura em Nukualofa, capital tonganesa, e de aproximadamente 60 centímetros em Pago Pago, na Samoa Americana, segundo o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico.
Segundo a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, o principal cabo de comunicação submarino com o arquipélago foi impactado devido à falta de energia, que está sendo restaurada em partes das ilhas.
A interrupção das linhas telefônicas e da conexão dificulta a avaliação dos danos, mas o governo neozelandês conseguiu contatar sua embaixada na capital tonganesa. “O tsunami teve um impacto significativo na costa norte de Nukualofa, com barcos e grandes pedras levados para a praia”, disse Ardern neste domingo.
Outro impacto em Tonga após a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, localizado a 65 km ao norte de Nukualofa, são as nuvens espessas de poeira vulcânica que cobrem partes do país. A precipitação das cinzas pode contaminar a água potável e causar problemas respiratórios.
A Austrália enviou uma aeronave de vigilância ao país para avaliar os danos à infraestrutura, como estradas, portos e linhas de energia, e definir a estratégia de resposta.
A BBC noticiou que jornalistas esperam que leve duas semanas para a comunicação ser inteiramente retomada em Tonga. Segundo a Cruz Vermelha, ao menos 80 mil pessoas podem ter sido afetadas pelo tsunami. “Pelas informações que reunimos, porém, o evento não foi tão catastrófico quanto pensávamos nos centros mais populosos”, disse Katie Greenwood, coordenadora da organização em Fiji.