Caminhoneiros marcam assembleia e não descartam paralisação contra alta de preços
Elevação do diesel irrita categoria, que pede fim da paridade internacional e reclama de falta de diálogo
Sindicatos de caminhoneiros autônomos de todo o Brasil vão se reunir no dia 11 de junho, em São Paulo, numa assembleia que poderia culminar numa paralisação nacional.
Irritados com a alta do diesel, cujo valor médio no estado já se aproxima de R$ 7, os trabalhadores pedem o fim da política de Preço de Paridade Internacional (PPI) da Petrobras, que leva em conta a flutuação internacional do petróleo para repassar reajustes às distribuidoras.
Ao Portal 6, o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas (Sinditac) de Goiás, Vantuir Rodrigues, não crava a greve, mas admite que a possibilidade existe.
“Tudo vai depender da assembleia. Temos que ver como cada estado vai se posicionar. A gente pode pensar de um jeito, o Rio Grande do Sul de outro e São Paulo de outro”, frisou. “Alguma coisa vai acontecer”, completou.
Os caminhoneiros, no entanto, não escondem a insatisfação com a alta do diesel. “Parte da categoria não dá conta mais. O trabalhador não consegue mais sobreviver”, destacou.
“A sociedade, de um modo geral, não aguenta mais esse aumento abusivo do combustível. Somos arrochados diariamente pelo governo em relação ao aumento abusivo na gasolina, gás, em tudo”, apontou.
Falta de diálogo
O presidente do Sinditac-GO também disse que o governo federal não tem mostrado disposição de dialogar. Vantuir não acredita que os caminhoneiros consigam agenda com o presidente Jair Bolsonaro até a assembleia do dia 11.
“Não vamos nem discutir mais. O governo fala que não é responsável pelo PPI, mas tem a maioria dos votos [no Conselho da Petrobras]”, afirmou.
O sentimento de muitos caminhoneiros, relata Vantuir, é de que a categoria foi mero instrumento para eleição de Bolsonaro e não recebeu o apoio que emprestou ao presidente.
“[Bolsonaro] Usou nossa categoria para se eleger. A categoria aguentou o tranco do país na pandemia. Perdemos muitos companheiros com Covid-19. Não deixamos o país na mão, mas agora a categoria está ficando na mão. O governo não nos reconhece”, finaliza.