Santa Casa não recebe “um centavo” da Prefeitura de Anápolis e pode ter que fechar 50 leitos, diz deputado
Gustavo Sebba afirmou na tribuna da Alego que instituição vive crise. Município nega que haja atraso em repasses
A Santa Casa de Anápolis pode ter que fechar, até o fim do ano, cerca de 50 leitos de UTI na unidade. Os médicos da unidade, localizada no Bairro Jundiaí, estariam sem receber há dois meses e, portanto, seria inviável manter o funcionamento.
Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) nesta quinta-feira (15), o deputado estadual Gustavo Sebba (PSDB) afirmou que a Prefeitura de Anápolis, responsável pelo pagamento dos profissionais, não repassa os valores.
O parlamentar ainda disse que o que cabe ao Governo de Goiás estaria sendo cumprido. No entanto, a Santa Casa já teria uma dívida na casa de R$ 850 mil.
Sem os repasses do município, conforme Sebba, a unidade teria que fechar, já no dia 31 de dezembro, as UTIs Neonatal, Pediátrica e Adulta. Também estaria sob risco o serviço de emergência e obstetrícia de alto risco.
O deputado sugeriu que, se o município não arcar com os valores, deve repassar a regulação à Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO).
“Ou o município passa a regulação para o estado, que assume a regulação e também uma fatia maior de custeio da Santa Casa, ou o município custeia tudo que ele está usando”, disse Sebba.
O que diz a Santa Casa
A Santa Casa de Anápolis disse nesta sexta-feira (16) que tem alertado, desde junho, para os riscos de suspensão de alguns serviços a gestores do Estado e do município.
Em nota, a unidade de saúde afirmou que não deixou de informar sobre “o risco real de um limite operacional com suspensão de serviços essenciais, em consequência do fato do valor pago pelo SUS ser insuficiente para manutenção e continuidade deles”.
O que diz a Prefeitura de Anápolis
Procurada pelo Portal 6, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) afirmou que “a relação entre a administração municipal e Santa Casa é preconizada pelo Ministério da Saúde por meio de contratualização que determina os repasses federais para Anápolis e mais de 80 municípios da Regional Pireneus e Macrorregião Centro-Norte do Estado, o que justifica a regulação de leitos ser executada pela cidade polo das regiões”.
A pasta também disse que “todos os repasses federais e estaduais destinados à Santa Casa por meio da contratualização com o município estão rigorosamente em dia” e foram pagos inclusive na quinta-feira (15).
A Semusa apontou que a “relação de Anápolis com a Santa Casa vai além da contratualização, pois o município ainda mantém a parceria com a unidade no fornecimento de medicamentos e profissionais de saúde”.
Por fim, a pasta argumentou que os leitos para pacientes da cidade são justificados pelo fato do município “ter o maior número de habitantes”.