Estudante mineira Isabel Cristina foi tornada beata mesmo sem realizar milagre
O sofrimento da estudante, criada em uma família fortemente católica, foi o que o Vaticano levou em consideração ao torná-la beata, segundo informações da Arquidiocese de Mariana, à qual pertence Barbacena
A estudante mineira Isabel Cristina Mrad Campos (1962-1982) foi tornada beata mesmo sem ter realizado um milagre, procedimento que normalmente baseia esse grau de reconhecimento dentro da Igreja Católica. A cerimônia de beatificação da estudante ocorreu no último dia 10, em sua terra natal, Barbacena.
O que foi levado em conta pelo Vaticano no caso da jovem foi o seu martírio. A estudante havia se mudado para a cidade vizinha de Juiz de Fora (MG) para estudar e prestar vestibular. Lá, foi foi assassinada com 15 facadas por um homem que estava em sua casa para instalar um guarda-roupa tentou estuprá-la.
O sofrimento da estudante, criada em uma família fortemente católica, foi o que o Vaticano levou em consideração ao torná-la beata, segundo informações da Arquidiocese de Mariana, à qual pertence Barbacena.
Ela também atuava na assistência aos mais pobres com os vicentinos, como são conhecidos os integrantes de associações ligadas a são Vicente de Paulo. É a quarta vez que religiosos são beatificados em Minas (veja lista abaixo). O caso da estudante é o primeira em que não houve comprovação de milagre.
O padre Geraldo Guilherme da Silva, especialista em direito canônico da arquidiocese de Belo Horizonte, afirma que as regras atuais para beatificações e canonizações foram reordenadas na Constituição Apostólica de 25 de janeiro de 1983, durante o pontificado de João Paulo 2º.
Segundo o especialista, somente em casos de martírios comprovados e fé “demonstrada e vivenciada” pode haver a dispensa da realização de milagre para beatificações. “O fato de a pessoa ofertar sua própria vida em razão da fé demonstrada dispensa a comprovação do milagre”, explica.
Isabel Cristina pode se tornar santa, mas para isso existe a necessidade da comprovação de milagre, segundo a Arquidiocese de Mariana.
Minas Gerais tem outros três beatos, nascidos ou com atuação no estado, e que tiveram milagres reconhecidos pelo Vaticano: Padre Eustáquio, Nhá Chica e Padre Victor.
Nascido na Holanda, Padre Eustáquio, conforme aceito pelo comando da Igreja Católica, curou um padre que tinha câncer. Nhá Chica, de São João del-Rei, curou uma mulher com grave doença cardíaca. Já a Padre Victor, de Campanha, é atribuída a intercessão de milagre para a gravidez de outra mulher cujo diagnóstico médico afirmava que nunca poderia gerar filhos.
A junta que determina as beatificações e canonizações no Vaticano é formada por teólogos, médicos e outros integrantes do comando da igreja que analisam relatos e documentos.
Outros beatos de Minas Gerais Estado com forte tradição no catolicismo, Minas Gerais tem agora quatro beatos e outros dois religiosos sob análise para também alcançarem esta posição na igreja:
Padre Eustáquio – Humberto van Lieshout
Nascimento: 03/11/1890 – Aarle Rixtel – Holanda
Morte: 30/08/1943 – Belo Horizonte – MG
Data da beatificação: 15/03/2006
Motivo: cura de câncer em um religioso
Padre Victor – Francisco de Paula Victor
Nascimento: 12/04/1827 – Campanha (MG)
Morte: 23/09/1905 – Três Pontas (MG)
Data da beatificação: 14/11/2015
Motivo: gravidez de mulher que, conforme os médicos, não tinha condições de gerar filhos
Nhá Chica – Francisca de Paula de Jesus
Nascimento: 1808 – São João del-Rei (MG)
Morte: 14/06/1895 – Baependi (MG)
Data da beatificação: 04/05/2013
Motivo: cura de doença cardíaca congênita em uma mulher
Religiosos de Minas com processo em andamento para beatificação
Padre Libério – Libério Rodrigues Moreira
Nascimento: 30/06/1884 – Lagoa Santa (MG)
Morte: 21/12/1980 – Divinópolis (MG)
Motivo: sob segredo do Vaticano
Irmã Benigna – Maria da Conceição Santos
Nascimento: 16/08/1907 – Diamantina (MG)
Morte: 16/10/1981 – Belo Horizonte (MG)
Motivo: sob segredo do Vaticano