Prefeitura de Anápolis renova pela segunda vez contrato com OS rejeitada pela Semusa
Somando valores já recebidos, e a receber, a Associação Beneficente João Paulo II abocanhará mais de R$ 72 milhões do município de Anápolis
Atualizado às 15h29 com mais informações
Quem abriu o Diário Oficial do Município nesta quarta-feira (03) se deparou com a renovação do contrato entre a Associação Beneficente João Paulo II com a Prefeitura de Anápolis.
O acordo, inclusive, foi firmado em 05 de abril, mas só agora foi tornado público.
Sediada no Pernambuco, a Associação Beneficente João Paulo II é a organização social (OS) que administra o Hospital Municipal Alfredo Abrahão desde a inauguração em 2021.
Em consulta feita pela reportagem no Portal da Transparência, em 26 de abril desse ano, constava que o contrato emergencial havia sido encerrado em outubro de 2022.
Esse era o mesmo contrato que chegou a ser suspenso pelo Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCMGO) por, entre outros motivos suspeitos, ter sido firmado pela Semusa sem documentação que comprovasse a lisura da Associação Beneficente João Paulo II. O valor pago pela Prefeitura de Anápolis à entidade foi mais de R$ 36 milhões.
Estranhamente, após o fim do contrato emergencial, a fundação permaneceu a frente do hospital por seis meses mesmo sendo reprovada pela própria Semusa no chamamento público que tentou selecionar uma OS de forma regular para o Alfredo Abrão.
E agora, mesmo sem um processo regular, a entidade ganhou mais seis meses para permanecer no comando da unidade por R$ 18 milhões.
Somando os valores já recebidos, e a receber, a Associação Beneficente João Paulo II abocanhará mais de R$ 72 milhões do município de Anápolis.
Valor que aumenta assim como os mais de 80 processos que a OS enfrenta na Justiça, sendo 51 deles são relativos à questões trabalhistas.
O Portal 6 pediu para a Semusa comentar a irregular renovação de contrato com a Associação Beneficente João Paulo II. Em resposta, a pasta afirmou que “foi realizado aditivo no contrato em razão de que o processo definitivo estar em andamento. Ressaltamos ainda que, a não renovação do contrato, implicaria na suspensão dos serviços à população”.
Em relação à análise de candidatos para a próxima gestão da unidade, a secretaria destacou que o processo já se encontra em fase de habilitação do primeiro envelope e abertura do segundo.
A reportagem também pediu para que o TCMGO e o Ministério Público de Contas dos Municípios também se manifestem sobre a situação e aguarda retorno.
Nota da Redação
O Portal 6 havia divulgado, inicialmente, que a Semusa não tinha revelado, até o momento da publicação, o nome da entidade que era responsável pelo Hospital Municipal Alfredo Abrahão. Esse nome, porém, foi devidamente repassado anteriormente por ligação.